sábado, 14 de janeiro de 2012

Posso viver de um blog ao invés de um site?

Antes de mais nada... um blog é um site. :-)

E pode ser rentabilizado tão bem quanto qualquer site. Talvez melhor.

Ao criar um blog usando um framework e layout prontos, lhe sobrará tempo para criar conteúdo, que é o que faz diferença e conquista usuários em um site. O Whiplash.Net usa um CMS próprio, e mudar isso é muito difícil depois que o site já se estabilizou. Se eu fosse criar o site novamente, o faria em formato de blog usando um framework e layout prontos (como é o caso deste blog que você está lendo). Teria gasto menos dinheiro, menos tempos, e tido mais recursos para investir em conteúdo.

Você acha mais difícil rentabilizar um blog? Comente abaixo. :-)

Preciso ter uma empresa para viver do meu site ou blog?

Com certeza não de início. Mas uma empresa pode ajudar em alguns aspectos, principalmente quando o site tiver anunciantes maiores.

Os programas mais simples de rentabilização de sites que funcionam (como Google Adsense e Mercado Livre) fazem pagamentos para pessoa física, não sendo necessária uma empresa para o recebimento. Na verdade, em boa parte dos casos, o recebimento como pessoa física é bem mais fácil do que como empresa.

Uma empresa começa a ser necessária porém para fechamento de publicidade direta com empresas de maior porte, que exigem nota fiscal. Obviamente não é uma necessidade para sites que ainda não estão sendo rentabilizados. Para a maior parte das empresas existe ainda, em boa parte do Brasil a possibilidade de impressão de notas fiscais avulsas sem necessidade de abertura de empresa.

Mas mesmo que seja possível receber os pagamentos como pessoa física de todos os anunciantes, quando o valor dos pagamentos começar a ficar mais alto, crescem as vantagens de ter uma empresa para recolher menos impostos sobre o valor arrecadado. A alíquota de Imposto de Renda para pessoas físicas pode chegar a até 27.5%, enquanto uma empresa cadastrada no modelo Simples recolhe pouco mais de 5% de imposto único sobre a arrecadação. Por outro lado ter uma empresa gera custos mensais com contador (no mínimo meio salário mínimo para empresas de pequeno porte) e alguns poucos custos anuais, além, claro, dos custos para abertura e fechamento da empresa.

Resumindo...

a) Receber como pessoa física é a melhor opção caso a soma de todos as suas rendas não o façam cair nas alíquotas de imposto mais altas.

b) Empresas têm um custo fixo mais alto mas pagam porcentagens menores de impostos, sendo uma melhor opção à medida que os ganhos aumentam.

Pense duas vezes antes de abrir uma empresa. E escolha com cuidado seu contador. Passei pela experiência de abrir uma empresa em formato equivocado e ter de fecha-la em seguida, e garanto que não é agradável. Mas isso é tema para um outro post. :-)

Por que o layout deste blog é tão tosco?


Não só o layout é simples. A tecnologia por trás é simples. Escolhi montar este blog no Blogger.com e usar um dos layouts padrão. Não perdi mais que dois minutos na escolha. Não criei uma imagem para o topo. Não mudei as cores. E nem pretendo.

Investir em tecnologia e layout em um site ou blog vale a pena. Definitivamente. Mas investir em CONTEÚDO vale mais a pena. Caso tivesse tempo de sobra para investir em um layout exclusivo, com certeza o faria. Mas no momento este tempo pode ser melhor aproveitado investindo em conteúdo. Este blog ainda não tem conteúdo. A falta de um layout exclusivo é o menor dos meus problemas. :-)

O mesmo motivo, investimento de tempo em conteúdo como prioridade absoluta, me leva a manter o layout do Whiplash.Net simples. Mas isso será tema de um outro post.

Quando você reclama de um layout, está pensando como um dono de site? Ou como um usuário? Qual opinião deve ser levada em conta?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Vivendo do meu site de Heavy Metal

Criei o Whiplash.Net em meados de 1996, junto com a chegada da internet comercial no Brasil. Hoje o site tem média de mais de 10 milhões de pageviews por mês e vivo confortavelmente deste projeto que começou como um hobby. Mas não foi muito fácil.

Ainda em 1996 eu era operador de uma BBS, e usuário de várias outras. BBSs eram um ciberespaço anterior à Internet onde usuários trocavam mensagens privadas e em grupos de discussão públicos, batiam papo com outros usuários em tempo real, baixavam arquivos. Muito parecido com Internet, embora mais lento. A conexão era de 9.6kbps. Uma mensagem para outro estado levava pelo menos quatro dias para ter uma resposta. Mas era o que havia e era extremamente divertido. Mais divertido que a Internet, e só vai entender quem viveu esta época.

Nas BBSs eu era um usuário bastante atuante. Participava como coordenador de algumas áreas nacionais de discussão sobre música. Com a chegada da Internet comercial ao Brasil as BBSs, como já havia acontecido em outros países, estavam fadadas a acabar. Neste ponto resolvi criar um site na Internet, para não ser um mero espectador da nova rede. Escolhi um tema que era de interesse meu na época... Heavy Metal. Registrei um espaço gratuito na Geocities, primeiro provedor de espaço gratuito na rede. E comecei a postar letras traduzidas de bandas como Iron Maiden, Metallica e Guns N' Roses.

Divulguei aos amigos das BBSs. Enviei E-mails. Vi os acessos passarem de uma dezena por dia para uma centena. Depois para pouco mais de mil. A quantidade de matérias foi crescendo e se diversificando com biografias e notícias. E a quantidade de usuários continuou crescendo. Em 1997 foi surpreendido com a indicação como um dos melhores sites de música no Brasil no finado concurso promovido pela Internet World. Foi o ponto em que percebi que o site era relativamente grande dentro da Internet que iniciava no Brasil. De hospedagem gratuita passou para hospedagem paga e depois para um servidor dedicado. De um hobby de horas vagas virou um hobby que consumia todo o meu tempo livre.

Chegou a consumir, também, todo o meu dinheiro. Sem nenhum retorno financeiro de anunciantes ou algo do tipo, à medida que a quantidade de usuários crescia, os custos se tornavam também maiores. Quando estourou a crise do dólar, no final do governo de Fernando Henrique Cardoso, com a moeda americana triplicando de valor, e a hospedagem do site nos Estados Unidos, meus salários (eu tinha dois empregos) não eram mais suficientes para cobrir os custos do site.

Com as primeiras turbulências financeiras passando, porém, os sites Internet já começavam a chamar atenção de anunciantes. E viver de um site não parecia mais o sonho impossível de alguns anos atrás.


Largar tudo e abraçar a oportunidade de viver de um hobby ainda assim foi um processo que levou mais de 10 anos, mesmo depois que o site já rendia algo. Inicialmente larguei um dos empregos para dedicar mais tempo ao site. Ao largar o segundo emprego, ainda não acreditando que aquilo pudesse ser um sonho possível, fiquei prestando serviços à empresa em que trabalhava. O site continuava rendendo cada vez mais em um crescimento muito estável. Aproveitei a jornada dupla de emprego e empresário para juntar dinheiro que me desse a confiança necessária para saltar no abismo.

Com dinheiro guardado, custos relativamente baixos (hospedagem de sites e todos os custos envolvidos haviam barateado), bons anunciantes, devia ser um processo fácil, certo?

Porra nenhuma! :-)

Depois de quase vinte anos vivendo com emprego estável e salário fixo, passar a viver de um site de Heavy Metal parecia, sem exageros na comparação, saltar em um abismo. Era opinião quase geral de família, amigos, namorada... um sonho impossível. Uma das ùnicas exceções... minha mãe achava, ou pelo menos dizia que achava, que daria certo.

Complicada como fosse a decisão, eu precisava arriscar. Era isso ou passar o resto da vida arrependido por não ter tentado. Tinha a grana necessária guardada para se tudo desse errado. Tinha a empresa aberta, todas as contas equilibradas, um portifólio de anunciantes bem consistente.

Larguei o último "emprego" (eu apenas prestava serviços terceirizados à firma onde havia sido empregado nos últimos 10 anos) em 2008. O momento foi calculado com toda calma.

Aí na semana seguinte estourou a crise de 2008. Os anunciantes sumiram. O dólar disparou de novo e com ele os meus custos

Naturalmente eu deveria ter me arrependido, certo?

Porra nenhuma! :-)

Com ou sem crise, a sensação de não ter mais patrão, não ter mais horários, poder acordar a cada dia para fazer o que gostava, e ir dormir pensando em acordar no outro dia para fazer o que gostava, não tinha preço. Ninguém imagina os pequenos prazeres advindos de viver de um site até que vive de um site. Nunca mais ter que usar uma calça ou um sapato social. Não fazer mais distinção entre sextas, sábados ou segundas-feiras.

Me decidi a levar a vida mais simples possível, sem carro, sem viagens, sem gastos, desde que não precisasse mais ter patrão e horários e calças e sapatos sociais e segundas-feiras.

A crise veio e a crise passou...

Eu podia ter carro. Podia viajar muito mais que antes visto que nada mais me prendia a minha cidade, e meu escritório era um notebook. Tinha dinheiro mais do que suficiente para viver muito mais confortavelmente do que havia planejado. E continuava vivendo de um hobby. Vivendo de algo que eu fazia por diversão.

Neste primeiros quatro anos vivendo exclusivamente do Whiplash.Net só me arrependi de não ter saltado no abismo antes... :-)

Neste www.vivendodomeusite.com.br pretendo compartilhar os erros, acertos, aventuras e desventuras de viver de um site ou blog.

Espero incentivar mais gente a saltar no abismo... :-)